CONVITE



Quando uma criatura resolve se dedicar a viver a vida do modo mais pleno possível, muitas outras que estiverem por perto se deixarão contagiar. (...) se alguém se determinar a superar tudo para viver plenamente, a partir daí, outros também o farão, e esses outros incluem filhos, companheiros, amigos, colegas de trabalho(...) "QUANDO UMA PESSOA VIVE DE VERDADE, TODOS OS OUTROS TAMBÉM VIVEM." (Clarissa Pinkola Estés – do livro A Ciranda das ulheres Sábias)

Grupo de Estudos do Livro Mulheres que correm com os lobos - Clarissa Pinkola Estés


Encontros quinzenais
Rio Casca:
segundas feiras - 20:00 - consultório de psicologia - Rua Benjamim Vieira Coelho, 55. Centro.
Próximo encontro - 09-07-2012

Raul Soares
Quartas-feiras - 18:00 - Escola Estadual Benedito Valadares
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sábado, 4 de fevereiro de 2012

"Aprendi (o que o caminho me ensinou) a caminhar cantando como convém a mim e aos que vão comigo.Pois já não vou mais sozinho"

Thiago de Mello


Pois aqui está a minha vida.
Pronta para ser usada.
Vida que não guarda
nem se esquiva, assustada.
Vida sempre a serviço
da vida.
Para servir ao que vale
a pena e o preço do amor
Ainda que o gesto me doa,
não encolho a mão: avanço
levando um ramo de sol.
Mesmo enrolada de pó,
dentro da noite mais fria,
a vida que vai comigo
é fogo:
está sempre acesa.  
Vem da terra dos barrancos o
jeito doce e violento
da minha vida: esse gosto
da água negra transparente.  
A vida vai no meu peito,
mas é quem vai me levando:
tição ardente velando,
girassol na escuridão.  
Carrego um grito que cresce
Cada vez mais na garganta,
cravando seu travo triste
na verdade do meu canto.  
Canto molhado e barrento
de menino do Amazonas
que viu a vida crescer
nos centro da terra firme.
Que sabe a vinda da chuva
pelo estremecer dos verdes
e sabe ler os recados
que chegam na asa do vento.
Mas sabe também o tempo
da febre e o gosto da fome.  
Nas águas da minha infância
perdi o medo entre os rebojos.
Por isso avanço cantando
Estou no centro do rio
estou no meio da praça.
Piso firme no meu chão
sei que estou no meu lugar,
como a panela no fogo
e a estrela na escuridão.
O que passou não conta?
Indagarão as bocas desprovidas.
Não deixa de valer nunca.
que passou ensina
com sua garra e seu mel.
Por isso é que agora vou assim
no meu caminho. Publicamente andando
Não, não tenho caminho novo.
O que tenho de novo
é o jeito de caminhar.
Aprendi
(o que o caminho me ensinou)
a caminhar cantando
como convém a mim
e aos vão comigo.
Pois já não vou mais sozinho.  
Aqui tenho a minha vida:
feita à imagem do menino
que continua varando
os campos gerais
e que reparte o seu canto
como o seu avô
repartia o cacau
e fazia da colheita
uma ilha do bom socorro.  
Feita à imagem do menino
mas a semelhança do homem:
com tudo que ele tem de primavera
Vida, casa encantada,
onde eu moro e mora em mim,
te quero assim verdadeira
cheirando a manga e jasmim.
Que me sejas deslumbrada
como ternura de moça
rolando sobre o capim.  
Vida, toalha limpa
vida posta na mesa,
vida brasa vigilante
vida pedra e espuma
sol dentro do mar,
estrume e rosa do amor:
a vida. 
Há que merecê-la