Acabei de ler “Feliz por Nada” de
Martha Medeiros. É um livro pra se degustar, como bom livro de crônicas (uma
sucessão de assuntos interessantes e bem escritos com leveza e inteligência),
mas não consegui parar de ler. Como acontece quando estou conversando com uma
amiga e a conversa vai mudando de rumo, os assuntos se encaixando um no outro,
se estendendo e passam-se horas e ainda estamos ali –, à mesa pra um lanche à tarde, na sala noite adentro, almoçando na
Momo e estranhando a “nova” Savassi..., ao telefone – entregues a chorar, rir, indignar, sonhar, nos sentir mais
inteligentes, acreditar que a vida tem jeito, mais nós mesmas. E não da vontade
de parar e ir para outro compromisso (mesmo que seja com outra querida amiga),
de ir dormir(mesmo que o dia seguinte te exija acordar cedo), de pegar estrada
de volta pra casa..., de desligar o telefone (apesar da conta...)
Estou grata porque o livro
estendeu esse sentimento (que começou no início da semana) por mais alguns dias
– já que aproveitei todos os intervalos entre um atendimento e outro, um
compromisso e outro, um dia e outro. Com certeza vou reencontra-lo em outros
momentos, como é certo – porque Deus me ama – reencontrar minhas queridas
amigas-irmãs-mestras e continuar a boa prosa que nunca termina. Feliz por Nada
me lembra saber que elas existem, estão aí ao alcance, mesmo quando quilômetros
nos separam. É saber que esse “nada” é um Tudo que sustenta a alma e sua falta
emburrece tanto quanto falta de hormônio e depressão. O que me faz pensar que
mais vale manter o estoque de Ocitocina em dia do que lançar mão de sertralina
ou algo que o valha (guardadas as devidas indicações quando necessárias). No
momento, estou abastecida. Feliz por nada.
Berenice